Sem recursos para custear a produção de leite centenas de pecuaristas do Triângulo Mineiros e Alto Paranaíba não tiveram alternativa para reduzir os prejuízos acumulados nos últimos seis meses e negociaram parte do rebanho leiteiro que foi destinado ao mercado interno de carne. Mais de 200 vacas de leite foram abatidas em um frigorífico de Uberlândia nesta terça-feira (16). A medida, que também tem caráter de protesto, é justificada pelo baixo preço do litro de leite pago ao produtor. O movimento organizado pelo Núcleo dos Sindicatos Rurais do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba reivindica dos governos – estadual e federal – medidas que acabem com a crise.
No ano passado, o Brasil produziu 26,7 bilhões de litros de leite, deste total 7,4 bilhões foram produzidos nas propriedades rurais mineiras, sendo o Triângulo Mineiro e o Alto Paranaíba responsáveis por 1,7 bilhão de litros de leite – 24% de todo o volume registrado na captação
Assim, a produção de janeiro a julho deste ano, comparada com o mesmo período do ano passado, cresceu aproximadamente 20%. “A expressiva ampliação da oferta sem o correspondente crescimento da demanda interna gerou excedente de produção. O incremento da taxa de juros e a elevação geral dos preços ao consumidor aumentaram a inadimplência e estagnaram o consumo”, ressalta Amauri Rezende. Para piorar a situação, o preço do litro de leite ao produtor caiu vertiginosamente. “Em agosto de 2007 o preço por litro pago ao produtor era de R$ 0,78. Hoje este valor é de aproximadamente R$ 0,66, uma queda de cerca de 15%”, ressalta o presidente da Comissão Técnica de Leite da Federação da Agricultura do Estado de Minas Gerais (Faemg), Eduardo Dessimoni.
O produtor Cenyldes Moura Vieira, de Monte Alegre de Minas, que também participou do movimento, afirma que é preciso sensibilizar os governos federal e estadual para as dificuldades enfrentadas pelo setor. O produtor rural, conforme enfatiza, enfrenta sérios problemas para honrar compromissos devido ao aviltamento dos preços ocasionados por três fatores. “Primeiro, pelo período da estiagem que por si só aumenta os custos da produção. Segundo, houve um acréscimo no preço dos insumos usados na atividade; o sal mineral e o caroço de algodão dobraram de preço, a ração subiu 30% e a polpa cítrica, 70%. E terceiro, e principal fator, houve uma redução de preço pago ao produtor”, analisa. Para agravar a situação, continua Cenyldes, o consumidor teve seu poder de compra reduzido. “E o que nos entristece como produtor é chegar em frente as gôndolas do supermercado e ver que os derivados do leite tiveram pouca variação de preço, não acompanharam a queda enfrentada pelo setor, o que mais uma vez deixa todo o prejuízo na mão do produtor”, observa.
Contatos:
- Eduardo Dessimoni – presidente da Comissão Técnica de Leite da Federação da Agricultura do Estado de Minas Gerais (Faemg): 9119-5264;
- Amauri Rezende Junqueira – presidente do Núcleo dos Sindicatos Rurais do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba: 9974-9529;
- Júlio César Pereira – Presidente da Associação dos Produtores de Leite de Uberlândia: 9927-3003.
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